Decisão ocorre após a China encontrar traços do vírus em um carregamento de frango congelado. Filipinos representam cerca de 2% das exportações brasileiras. Frigoríficos dizem que não foram notificados. Ministério da Agricultura ainda não respondeu.
As Filipinas impuseram uma proibição temporária às importações de carne de frango do Brasil nesta sexta-feira (14) depois que uma cidade na China disse ter encontrado traços do novo coronavírus em um carregamento de asas de frango produzidas no país.
O Brasil, maior exportador global de carne de frango, responde por cerca de 20% das importações do produto das Filipinas. De janeiro a julho, o país vendeu US$ 31,4 milhões aos filipinos, cerca de 50,3 mil toneladas, o que representa cerca de 2% das exportações brasileiras no período. "Com os relatórios recentes da China e em conformidade com a Lei de Segurança Alimentar do país para regulamentar os operadores de empresas de alimentos e proteger os consumidores filipinos, é imposta a proibição temporária da importação de carne de frango", disse o Departamento de Agricultura em um comunicado enviado à agência Reuters. O Brasil tem o segundo pior surto de Covid-19 do mundo, depois dos Estados Unidos, registrando mais de 3,2 milhões de casos e mais de 105.000 mortes desde o início da pandemia. O governo filipino não disse por quanto tempo a proibição seria aplicada. O Departamento de Agricultura das Filipinas garantiu ao público, no entanto, que os produtos de frango atualmente no mercado local são seguros para o consumo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse na quinta-feira (13) que não vê nenhuma evidência de que o coronavírus se espalhando por alimentos ou embalagens e pediu às pessoas que não tenham medo de que o vírus entre na cadeia alimentar. Sem notificação O Ministério da Agricultura foi procurado, até a última atualização deste texto, não houve retorno.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa frigoríficos, disse em nota que ainda não foi informada oficialmente sobre eventual suspensão das exportações brasileiras de aves para as Filipinas.
"Se confirmada, a ABPA apoiará o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a apresentação dos esclarecimentos, já que se trataria de uma decisão sem fundamentação técnico-científica e pendente de esclarecimentos e demonstrações", acrescentou.
A ABPA também ressaltou que não há evidências científicas de que a carne seja transmissora do vírus, conforme ressaltam a OMS, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"Ao mesmo tempo, o setor exportador brasileiro reitera que todas as medidas para proteção dos trabalhadores e a garantia da inocuidade dos produtos foram adotadas e aprimoradas ao longo dos últimos meses, desde o início da pandemia global." Frango brasileiro com coronavírus As autoridades da cidade de Shenzhen identificaram o frango como proveniente de uma fábrica de propriedade da Aurora, a terceira maior exportadora de aves e suínos do Brasil. A ABPA que representa frigoríficos, emitiu uma nota na quinta-feira informando que os traços de coronavírus encontrados em um lote de frango na China, exportado pelo Brasil, estavam na embalagem do produto. "Ainda não está claro em que momento houve a eventual contaminação da embalagem, e se ocorreu durante o processo de transporte de exportação", aponta o comunicado da associação. A Aurora disse na véspera não ter sido formalmente notificada pelas autoridades chinesas sobre a suposta contaminação, alertando que se trata "apenas de fato originário de notícia veiculada em imprensa local daquele país asiático, sem qualquer confirmação oficial por parte da autoridade pública nacional da China". A empresa afirmou que toma todas as medidas possíveis para prevenir a propagação do coronavírus e que não há evidências de que o coronavírus seja transmitido através dos alimentos. O Ministério da Agricultura do Brasil disse que está buscando esclarecimentos das autoridades chinesas.
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